terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Papo de velhinhas



Talvez você, leitor, não saiba que trabalhei como operadora de caixa em um supermercado por um ano, mas isso aconteceu durante todo o ano de 2009. Durante o tempo em que trabalhei lá (tempo que felizmente acabou!) pude ver várias demonstrações de carinho entre velhinhas muito simpáticas. Essas demonstrações me emocionaram tanto (!) que guardei elas na memória e agora quero dividir elas com o mundo, através deste post.
Se você chora fácil, prepare-se para ler umas das mais emocionantes histórias de todos os tempos!

Mas ok, larguemos de enrolação e vamos direto ao ponto, hehe.

Lá eu estava sentada tranquilamente no caixa preferencial (ugh!) passando as compras de uma velhinha de aparência simpática (vamos chamá-la de Velhinha A), que conversava energicamente com a próxima cliente que estava ao seu lado (outra velhinha que vamos chamar de Velhinha B). E então entra no mercado outra velhinha, que passa pelas minhas costas para pegar uma cestinha. Chamemos essa terceira velhinha de Velhinha C. Vendo quem eu estava atendendo, a Velhinha C interrompeu brevemente a conversa das duas velhinhas em frente ao caixa, cumprimentando a Velhinha A alegremente:
Velhinha C: Ooooi, tudo bem? como vai amiga?
Velhinha A: Tudo bem, e com você? Tá indo comprar?
Velhinha C: Tudo! Tem que comprar né, gastar um pouco do dinheiro, haha!
Velhinha A: É verdade, a gente só gasta né?
Velhinha C: Pois é! Mas vou indo, depois a gente conversa!
Velhinha A: Claro, até mais!
E entrou para comprar.
Em meio a toda essa atmosfera amigável, eis que a Velhinha B solta de repente:
"Eu quero que essa mulher morra."
A outra, espantada e um tanto sem-graça, pergunta "por que??"
E ela respondeu: "Eu odeio essa mulher. Ela não vale nada. Ficava se jogando pra cima do meu velho!"
E nisso as duas começaram a falar mal da que tinha acabado de sair. A amizade é realmente uma coisa linda, não?

Mas não pára por aí, meses depois meus ouvidos atentos captaram outra história levemente semelhante (fico a imaginar se não foram as mesmas velhinhas, mas realmente não certeza).
E mais uma vez, eu estava em um caixa qualquer e eis que chega uma velhinha. Ela é bem educada e simpática comigo, e me trata com mais atenção do que boa parte dos clientes que aparecem por lá. Enquanto estou passando as compras dela, outra velhinha aparece e a cumprimenta formalmente.
Para evitar confusões com a história anterior, resolvi chamar a primeira velhinha de Cyborg e a segunda velhinha de Jaspion (assim fica mais divertido, hehe).
Jaspion: Olá :)
Cyborg: Oh! Oooi, hehe, tudo bem? :)
Jaspion: Tudo e você? Fazendo compras?
Cyborg: Pois é, a gente tem que comprar né!
Jaspion: É, eu também vim comprar. Vai levar as compras até o carro?
Cyborg: Ah não, eu moro perto, vou levar o carrinho e já trago :)

Jaspion: Mora perto? Que bom, né? :)
Cyborg: Sim, hehe :) Então até mais!

Jaspion: Até mais. :)
E eis que Cyborg se foi e eu cumprimentei Jaspion.

Eu: Boa tarde..
Jaspion: Boa tarde! :) (Jaspion sempre de bom humor hehe)
Eu: (...)
Jaspion: Eu tenho todos os motivos do mundo pra odiar essa mulher, mas não odeio.
Eu: Hã?
Jaspion: Essa mulher que saiu agora, sabe? Eu devia odiar essa mulher, mas hoje a gente é até amiga. :)
Eu: Hm..
Jaspion: Amiga não, né! haha! não quero ela por perto, mas também não odeio mais.
Eu: Sei..
Jaspion: Ela era amante do meu marido. Foi amante dele por muitos anos, aí eu descobri e há um tempo atrás ela veio me pedir perdão... e sabe né, eu aceitei, pra que ficar guardando rancor? (olha Jaspion querendo parecer nobre!)
Eu: É... né
Jaspion: Mas é uma coitada... perdeu tudo o que tinha, agora não tem ninguém que ame ela e tá sozinha, aí eu fico com pena e trato ela bem.. (vocês deviam ver a cara de "pena" dela.. que medo, cara)
Eu: Hm..
Jaspion: Mas as pessoas colhem o que plantaram na vida né? Então eu não tenho pena não, acaba que ela merece mesmo (peraí, você não acabou de dizer que tinha pena?)
Eu: Hm..
Jaspion: Agora que tá velha é que ninguém vai querer ela mesmo.. devia ter ido atrás de um homem pra ela ao invés de ficar de olho no dos outros! (quem ela tá chamando de velha?)
Eu: Hm.. (detalhe que eu já tinha terminado de passar a compra e ela resolveu ficar lá do lado pra continuar a conversar)
Jaspion: Mas... fazer o que, a gente tem que tratar bem né? Coitada.. mas eu não odeio ela agora, então tudo bem, hehe.
Eu: Que bom né..
Jaspion: É.. odiar não é uma coisa boa!
Eu: É.. não é mesmo
Jaspion: Deixa a gente pesada né?
Eu: É.. acho que sim
Jaspion: Bom.. agora eu tenho que ir (FINALMENTE!)
Eu: Ok.
Jaspion: Adorei conversar com você! Você é muito atenciosa, viu? :)
Eu: Ah.. tudo bem..
Jaspion: Tchau, até mais!
Eu: Tchau.
E ela se foi.
Depois dessa fiquei pensando "caramba, essas velhinhas.. uma história pior que a outra...", mas até que foi engraçado, admito. (mas dá até medo..)

De qualquer maneira, acho que eu devia parar de olhar diretamente para as pessoas quando falam comigo... isso é só um costume e faço isso com todo mundo porque acho importante olhar para as pessoas enquanto falam (e gostaria que sempre fizessem o mesmo comigo)
Mas sabe, é um gesto que parece motivar as pessoas a falarem mais porque acham que estou interessada no que elas estão falando. Que droga, né?

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Eu?

Como eu não fiz uma devida apresentação no primeiro post, acho que estou devendo uma.
Na verdade pouca gente ainda sabe que criei esse blog e por hora só meus amigos vão saber... mas tá valendo, hehe.
Bom, eu nasci há pouco mais que 20 anos atrás em uma cidadezinha no interior da Bahia, e morei lá por quase 19 anos. Em março de 2008 mudei-me para o outro lado do país, onde continuo morando, no norte de Santa Catarina. Uma mudança e tanto, não? Detesto decepcionar aos que acham que fiquei morrendo de frio, pois o clima é praticamente o mesmo. Mas acho aqui um pouco mais quente no verão (e bem mais frio no inverno, devo admitir).
Eu sou tímida, nerd, viciada em video-games por toda a minha vida e uma otaku assumida (mas odeio naruto e bleach, ok?). Não suporto a maior parte dos otakus brasileiros, e sou mais do tipo do otaku japonês - tirando as bizarrices maiores (não pretendo casar com personagem 2D! mas nem pretendo casar mesmo). Odeio lugares muito cheios ou muito barulhentos, como festas.
Não bebo álcool, não fumo, não danço, não uso drogas, não sei andar de bicicleta, não gosto de vatapá (mesmo sendo da Bahia, é), não gosto de aranhas e não gosto de você! (ok, a última é brincadeirinha, não chore!)
Pratiquei karate shotokan até a faixa roxa, e ainda pretendo voltar a treinar. Cheguei a treinar taekwondo e kickboxing, e algum dia gostaria de voltar a treinar essas também (mas depois do karate). Sou, essencialmente, uma karateka e karate é parte da minha vida e de quem eu sou.
Posso me considerar obcecada por música, e ouço alguns estilos diferentes, mas dando preferência ao rock. Os estilos diferentes que ouço não englobam os estilos mais populares no Brasil, e eu geralmente não gosto de músicas que sigam esses estilos (entre eles: funk, pagode, sertanejo, forró, axé, arrocha, samba, dance, eletrônica, rap, etc.). MPB e bossa nova são legais, não sei porque o Brasil deixou eles tão de lado de uns anos pra cá. :(
O mais importante na música é o que ela te faz sentir quando você ouve, e é isso que eu procuro nas músicas que ouço, mesmo que às vezes seja algum idioma que não compreendo.
Eu já odiei ler, mas passei a gostar com a ajuda da Jo. Hey Jo! (a Rowling, sabe)
Sempre gostei muito de video games (desde o meu primeiro, master system!) e coisas eletrônicas. Também gosto muito de aprender novos idiomas.

Acho que isso é o bastante por hora. Com o tempo vai dar pra conhecer melhor quem eu sou (mas você provavelmente já sabe).
E a partir de agora vou estar escrevendo aqui no blog sobre diversos assuntos que tiver vontade, assim que me der vontade de escrever. Apesar de nunca me satisfazer com meus textos, gosto muito de escrever e às vezes me empolgo um pouco. (Fato.)

Pra quem não conhece, segue uma foto minha que acabei de fazer. Até mais! :)

sábado, 26 de dezembro de 2009

Estrelas

"Não estou conseguindo ver as estrelas... será que é porque está muito escuro?" perguntou-se Mi Nam.
"Não." retrucou Tae Kyung que vinha em sua direção "você não consegue vê-las porque está muito claro. Se apagar as luzes, vai conseguir."
E assim que apagaram as luzes ficaram observando as estrelas no céu.


(Obs.: Isso não é trecho de fanfic, é só uma cena que escrevi em formato literário)





Agora há pouco, às 3:30 da manhã desse sábado (que pra mim ainda é sexta, apesar de já ser 4 da manhã) resolvi saltar a janela do meu quarto e sentar um pouco do lado de fora. Para quem não sabe, moro no primeiro andar de um apartamento, mas do lado de fora existe um tipo de sacada. Ok, não é uma sacada, mas é um espaço a mais na mesma altura do chão do meu apartamento. Realmente não sei explicar.
O fato é que essa janela dá de frente para a minha rua, que é extremamente movimentada na maior parte do tempo. Até agora ainda passam alguns carros, e se não fosse Natal ia estar bem movimentado agora (o primeiro turno de trabalho da cidade começa às 5, e moro perto de uma das maiores empresas do Brasil).
E só hoje, depois de tanto tempo, me sinto grata por ser Natal.
O clima está ameno e sentei-me lá fora por uma meia hora, só para ficar um pouco quieta e ociosa, olhando para coisas quietas e ociosas. E automaticamente olhei para as minhas amadas estrelas.
...
Que estrelas?
Não consigo ver estrelas daqui. Nem mesmo uma. Isso é bem triste.
Por ser importante, a minha rua é muito bem iluminada o tempo todo, e a claridade intensa me impede de ver as estrelas acima de mim. Esta cidade inteira é muito bem iluminada, algo que percebi logo que vim morar aqui. A minha cidade antiga não era.
Eu sempre, sempre reclamei que a minha cidade antiga era muito mal iluminada. E era mesmo.
Quando você saía à noite sempre encontrava pontos extensos de escuridão em que os postes eram bem afastados e alguns nem funcionavam. Os que funcionavam possuiam uma luz fraca e insuficiente. Não era possível ler livros com a ajuda daquela luz, e até andar pela cidade era mais perigoso por causa desses pontos escuros. E aranhas gostam do escuro. Odeio aranhas. Ugh!
Mas lá eu via as estrelas! Eram muitas e muito brilhantes, e estavam sempre comigo.
Isso provavelmente também se aplica à minha vida e minhas prioridades.

Enquanto eu sentava lá fora, isso me fez pensar... O que é melhor?
Estar em meio à claridade me traz algumas vantagens e facilidades, melhora a visibilidade em relação ao que está perto de mim e consequentemente aumenta a minha segurança.
Mas mesmo que o escuro me tire essas vantagens, eu ganho as minhas belas estrelas, distantes e intocáveis, porém companheiras e boas ouvintes. Gosto muito daquelas estrelas, sinto a falta delas. Eu até tinha uma única estrela no céu que escolhi para mim e da qual gostava mais, e eu sempre a encontrava usando outras constelações conhecidas como referência. Eu a escolhi porque gostava muito da forma como ela brilhava - sempre constante e intensa -, era muito bonita e olhar para ela e conversar me deixava mais tranquila.
Então fico pensando que talvez não haja problema em estar no escuro se isso me permite ver com clareza as estrelas distantes e intocáveis no céu. Também gostaria muito de ver aquela estrela que brilhava mais que todas as outras. Mesmo que não iluminassem a minha cidade, é como se iluminassem a minha alma.

E agora, olhando para o céu e não vendo nada... sinto que perdi milhões de amigos.
Olhar para o céu e ver as estrelas brilhando para mim é uma coisa que sempre valorizei muito. Eu passava horas olhando para o céu e conversando com aqueles amigos que pareciam me compreender tão bem e me ouvir incansavelmente. Naqueles momentos, eu sabia que mesmo estando no escuro e invisível para a maioria das pessoas, eu poderia olhar para cima e ver as minhas estrelas e elas estariam sempre comigo aonde quer que eu fosse. Este simples pensamento me deixava tranquila.
Eu nunca escondi de ninguém que sou uma grande adoradora das estrelas, e esse é um dos motivos que me levou a ter essa pequena grande obsessão por extra-terrestres e OVNIs quando era criança - você não faz idéia do que pode ver se olhar para o céu durante algum tempo e com alguma frequência.
Também sempre gostei muito da Lua, e foi com a ajuda dela e das estrelas que meu medo infantil do escuro tenha diminuido lentamente. Eu sabia que quanto mais escuro estivesse, veria as minhas estrelas e minha Lua com mais clareza, e isso me deixava muito feliz.
Mas agora meus amigos se foram. Nem mesmo a Lua eu vejo com muita frequência, mesmo em noite de céu aberto.
Agora não as vejo, mas sei que estão lá... porém, é como se não olhassem mais para mim, como se tivessem se cansado de me ouvir ou talvez o brilho delas já não me pertença mais.
Neste exato momento, sem minhas estrelas para brilhar para mim, de repente me sinto invisível no meio de tanta claridade.