sábado, 26 de dezembro de 2009

Estrelas

"Não estou conseguindo ver as estrelas... será que é porque está muito escuro?" perguntou-se Mi Nam.
"Não." retrucou Tae Kyung que vinha em sua direção "você não consegue vê-las porque está muito claro. Se apagar as luzes, vai conseguir."
E assim que apagaram as luzes ficaram observando as estrelas no céu.


(Obs.: Isso não é trecho de fanfic, é só uma cena que escrevi em formato literário)





Agora há pouco, às 3:30 da manhã desse sábado (que pra mim ainda é sexta, apesar de já ser 4 da manhã) resolvi saltar a janela do meu quarto e sentar um pouco do lado de fora. Para quem não sabe, moro no primeiro andar de um apartamento, mas do lado de fora existe um tipo de sacada. Ok, não é uma sacada, mas é um espaço a mais na mesma altura do chão do meu apartamento. Realmente não sei explicar.
O fato é que essa janela dá de frente para a minha rua, que é extremamente movimentada na maior parte do tempo. Até agora ainda passam alguns carros, e se não fosse Natal ia estar bem movimentado agora (o primeiro turno de trabalho da cidade começa às 5, e moro perto de uma das maiores empresas do Brasil).
E só hoje, depois de tanto tempo, me sinto grata por ser Natal.
O clima está ameno e sentei-me lá fora por uma meia hora, só para ficar um pouco quieta e ociosa, olhando para coisas quietas e ociosas. E automaticamente olhei para as minhas amadas estrelas.
...
Que estrelas?
Não consigo ver estrelas daqui. Nem mesmo uma. Isso é bem triste.
Por ser importante, a minha rua é muito bem iluminada o tempo todo, e a claridade intensa me impede de ver as estrelas acima de mim. Esta cidade inteira é muito bem iluminada, algo que percebi logo que vim morar aqui. A minha cidade antiga não era.
Eu sempre, sempre reclamei que a minha cidade antiga era muito mal iluminada. E era mesmo.
Quando você saía à noite sempre encontrava pontos extensos de escuridão em que os postes eram bem afastados e alguns nem funcionavam. Os que funcionavam possuiam uma luz fraca e insuficiente. Não era possível ler livros com a ajuda daquela luz, e até andar pela cidade era mais perigoso por causa desses pontos escuros. E aranhas gostam do escuro. Odeio aranhas. Ugh!
Mas lá eu via as estrelas! Eram muitas e muito brilhantes, e estavam sempre comigo.
Isso provavelmente também se aplica à minha vida e minhas prioridades.

Enquanto eu sentava lá fora, isso me fez pensar... O que é melhor?
Estar em meio à claridade me traz algumas vantagens e facilidades, melhora a visibilidade em relação ao que está perto de mim e consequentemente aumenta a minha segurança.
Mas mesmo que o escuro me tire essas vantagens, eu ganho as minhas belas estrelas, distantes e intocáveis, porém companheiras e boas ouvintes. Gosto muito daquelas estrelas, sinto a falta delas. Eu até tinha uma única estrela no céu que escolhi para mim e da qual gostava mais, e eu sempre a encontrava usando outras constelações conhecidas como referência. Eu a escolhi porque gostava muito da forma como ela brilhava - sempre constante e intensa -, era muito bonita e olhar para ela e conversar me deixava mais tranquila.
Então fico pensando que talvez não haja problema em estar no escuro se isso me permite ver com clareza as estrelas distantes e intocáveis no céu. Também gostaria muito de ver aquela estrela que brilhava mais que todas as outras. Mesmo que não iluminassem a minha cidade, é como se iluminassem a minha alma.

E agora, olhando para o céu e não vendo nada... sinto que perdi milhões de amigos.
Olhar para o céu e ver as estrelas brilhando para mim é uma coisa que sempre valorizei muito. Eu passava horas olhando para o céu e conversando com aqueles amigos que pareciam me compreender tão bem e me ouvir incansavelmente. Naqueles momentos, eu sabia que mesmo estando no escuro e invisível para a maioria das pessoas, eu poderia olhar para cima e ver as minhas estrelas e elas estariam sempre comigo aonde quer que eu fosse. Este simples pensamento me deixava tranquila.
Eu nunca escondi de ninguém que sou uma grande adoradora das estrelas, e esse é um dos motivos que me levou a ter essa pequena grande obsessão por extra-terrestres e OVNIs quando era criança - você não faz idéia do que pode ver se olhar para o céu durante algum tempo e com alguma frequência.
Também sempre gostei muito da Lua, e foi com a ajuda dela e das estrelas que meu medo infantil do escuro tenha diminuido lentamente. Eu sabia que quanto mais escuro estivesse, veria as minhas estrelas e minha Lua com mais clareza, e isso me deixava muito feliz.
Mas agora meus amigos se foram. Nem mesmo a Lua eu vejo com muita frequência, mesmo em noite de céu aberto.
Agora não as vejo, mas sei que estão lá... porém, é como se não olhassem mais para mim, como se tivessem se cansado de me ouvir ou talvez o brilho delas já não me pertença mais.
Neste exato momento, sem minhas estrelas para brilhar para mim, de repente me sinto invisível no meio de tanta claridade.

3 comentários:

M. Clara disse...

Olá Mima :D

Bom você saiu do MSN agora, e está tudo bem, eu imagino porque.
Você e as estrelas... você acreditaria se eu disser que elas estão te vijiando? É só a cidade que te cega, a vida "normal" que é completamente anormal. Essas coisas de humanos, coisas de gente civilizada. Elas estão lá para você Mima, talvez só precisa de um lugar menos... real. Uma cidade menor, um lugar inabitado. E é tão difícil largar a cidade, mas eu admiro você, pular a janela às 3h da manhã? Eu queria fazer isso, ter coragem ao menos.

Mima não se perca... eu, senti que você perdeu a si mesma um pouco. Ou é só solidão, mas ainda assim...

Eu vou adorar ler seu blog! É bom ver você por aqui... eu gosto da maneira que escreve, do seu ponto de vista. Enfim é bom te ver por aqui!

M. Clara disse...

pois é, nem sabia que tava com essas letras hihi, eu vou tirar isso. ^^

Hakoniwa disse...

Bom, eu não me perdi... por incrível que isso possa parecer, tudo o que eu disse foi verdadeiro e consciente. XD
Inclusive a razão de ser obcecada por OVNIs, hehe.